Atividade Física Pode Ajudar a Combater a Depressão, Afirma Estudo
Manter uma rotina de atividade física, mesmo que leve, pode ser benéfico para a saúde mental e ajudar a reduzir sintomas de depressão. Essa é a conclusão de um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto Israelita Ensino & Pesquisa de São Paulo, do Hospital Israelita Albert Einstein e da Universidade Nove de Julho.
Os resultados, publicados no Journal of Affective Disorders, indicam que qualquer nível de atividade física está relacionado à diminuição do risco de sintomas depressivos. O estudo utilizou dados de 58.445 adultos brasileiros (68,6% homens e 31,4% mulheres), com 18 anos ou mais, que participaram de triagens de saúde entre 2008 e 2022 no Centro de Medicina Preventiva do Hospital Israelita Albert Einstein.
Todos os participantes foram submetidos a avaliações de saúde realizadas por profissionais qualificados, incluindo exames clínicos, e responderam a questionários sobre atividade física e sintomas depressivos. A equipe de pesquisa, então, analisou os dados e fez comparações entre os níveis de atividade física e a presença de depressão, utilizando uma técnica estatística chamada regressão logística.
O estudo revelou que fatores como alto índice de massa corporal (IMC), hipertensão, diabetes, tabagismo e níveis elevados de estresse aumentam as chances de sintomas depressivos. Contudo, a prática de atividade física foi associada a um menor risco de depressão.
Luana Queiroga, autora do estudo e pesquisadora do Einstein, destacou que, embora pesquisas anteriores já tenham apontado uma relação entre atividade física e menor risco de depressão, a maioria delas focava apenas em atividades físicas realizadas como lazer, sem considerar outros contextos. O estudo atual, com a maior amostra de brasileiros sobre o tema, abrange diferentes tipos de atividade física, como aquelas relacionadas ao trabalho, locomoção e tarefas diárias.
Para os pesquisadores, a atividade física inclui qualquer movimento corporal que aumente o gasto calórico, não necessariamente sendo um exercício formal. “O que nosso estudo demonstra é que qualquer tipo de atividade física, seja de lazer, ocupacional, de deslocamento ou do dia a dia, mesmo em níveis baixos, como 11 a 149 minutos semanais, pode atuar como um fator de proteção contra a depressão”, afirmou Rafael Mathias Pitta, coordenador da pesquisa.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os adultos realizem, no mínimo, 150 minutos de atividade física moderada por semana, o que pode ser alcançado por meio de tarefas diárias, como caminhar para o trabalho ou andar de bicicleta.
Efeitos da Atividade Física na Saúde Mental
A atividade física pode melhorar a saúde mental de diversas formas. A contração muscular, por exemplo, ajuda a melhorar as respostas neuroendócrinas e inflamatórias, o que contribui para a saúde dos neurônios no cérebro. Além disso, a prática física aumenta os níveis de BDNF, uma proteína importante para a sobrevivência neuronal, que tende a ser baixa em indivíduos com sintomas depressivos.
Outro efeito positivo da atividade física é a promoção de comportamentos saudáveis, como melhores escolhas alimentares, hidratação e sono, que ajudam na redução da ansiedade e melhoram o humor, fatores que contribuem para o alívio dos sintomas depressivos ao longo do tempo.
Como Começar a Praticar Atividade Física
Para quem enfrenta a falta de motivação, comum em casos de depressão, pequenas mudanças no dia a dia podem ter um grande impacto. Estratégias simples, como subir e descer escadas ou caminhar para o trabalho, já são suficientes para gerar um gasto calórico importante. Se o deslocamento for de carro, estacionar mais distante e caminhar um pouco a mais também pode ser uma boa alternativa.
Além disso, estudos indicam que praticar atividade física ao ar livre, como caminhadas ou passeios de bicicleta, pode reduzir significativamente os sintomas de ansiedade e depressão. Escolher atividades de que se gosta aumenta ainda mais os benefícios para o bem-estar mental.
A pesquisa reforça que qualquer tipo de movimento que promova o aumento do gasto calórico pode desempenhar um papel importante na prevenção e tratamento de sintomas depressivos, demonstrando que a atividade física, mesmo em níveis baixos, pode ser uma aliada fundamental para a saúde mental.
Atividade Física Pode Ajudar a Combater a Depressão, Afirma Estudo